top of page

Mosteiro de Ermelo

Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

O Mosteiro de Santa Maria de Ermelo, localizado na aldeia de Ermelo, no concelho de Arcos de Valdevez, no Parque Nacional Peneda Gerês, é um dos mais emblemáticos exemplos de arquitetura românica portuguesa. Fundado no século XII, este mosteiro cisterciense, classificado como Monumento Nacional desde 1977, carrega consigo séculos de história, mistérios e lendas que atravessam gerações.



Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

A Origem

A fundação do Mosteiro de Ermelo permanece envolta em mistério. A tradição aponta D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, como sua fundadora, mas algumas teorias indicam que o mosteiro tenha origens ainda mais antigas, ligadas aos beneditinos. A primeira referência histórica data de 1220, quando nas Inquirições de D. Afonso II é mencionado que D. Teresa doou terras ao mosteiro. No entanto, alguns historiadores defendem que os beneditinos fundaram a instituição antes da intervenção de D. Teresa, sendo ela apenas uma benfeitora que restaurou e ampliou o mosteiro.


Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

Características Arquitetônicas

O Mosteiro de Ermelo é um marco da arte românica, com uma igreja cuja cabeceira e vestígios do claustro sobrevivem ao longo do tempo. Entre os elementos mais significativos estão os capitéis e modilhões, que adornam as colunas da capela-mor. Inicialmente regido pela Regra Beneditina, o mosteiro adotou a reforma cisterciense no século XIII, o que trouxe novas transformações arquitetônicas. Durante esse período, o Mosteiro de Fiães, um outro mosteiro cisterciense, desempenhou um papel fundamental na fundação e orientação de Ermelo. Um dos elementos que se destacam é a rosácea no topo do Mosteiro.


Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

Entorno Natural

A localização do Mosteiro de Ermelo é uma das suas maiores riquezas. Situado numa encosta da margem direita do Rio Lima, o mosteiro está protegido pela Serra do Soajo e Serra Amarela. No entanto, a intervenção humana também deixou marcas na paisagem. A construção da Barragem do Alto Lindoso alterou a dinâmica do Rio Lima, aproximando as ruínas do mosteiro da linha de água e criando uma vasta albufeira. É também no Mosteiro de Ermelo que se inicia a Ecovia de Ermelo, um trilho na margem do rio que convida com a sua beleza.

A origem do nome "Ermelo" tem a haver com a localização "erma" (isolado) do mosteiro.

Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

A Ordem de Cister

No século XIII, a comunidade monástica de Ermelo passou a adotar a Observância Cisterciense, associando-se à Ordem de Cister, uma ordem que se destacava por seu rigor monástico e seu compromisso com o trabalho agrícola e a vida simples. Os monges cistercienses foram os responsáveis pela implantação em Ermelo de pomares da Laranja de Ermelo. Conhecidos como Monges Brancos, a Ordem de Cister teve um grande apogeu em Portugal entre os séculos XII e XIII, com o Mosteiro de Alcobaça como uma de suas maiores abadias. No entanto, o Mosteiro de Ermelo enfrentou dificuldades ao longo dos séculos, e em 1441 foi reduzido a igreja paroquial, embora continuasse a figurar em documentos reais até o século XV. No século XVI, o abade de Claraval, Dom Edmundo de Saulieu, visitou o mosteiro e constatou seu estado de degradação, levando à sua secularização em 1560.


Saiba mais: Laranja de Ermelo

Reza a lenda da existência de um túnel subterrâneo que era utilizado pelos monges para atravessar o Rio Lima de uma margem para a outra.

Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

Extinção e Reabilitação

Apesar das tentativas de extinção e secularização, o Mosteiro de Ermelo não desapareceu completamente. A igreja românica e as ruínas do claustro sobreviveram ao tempo, e nas últimas décadas, foram realizadas intervenções de restauração que visaram conservar este importante património. Em 1985, a Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais restaurou o telhado da igreja, reconstruindo as portas exteriores e preservando as pinturas no teto. Mais recentemente, em 2014, iniciou-se um novo ciclo de reabilitação, com foco na preservação das fachadas e da estrutura do edifício, além de um restauro cuidadoso das pinturas murais do século XVI.


Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

Lenda da Fundação do Mosteiro

A história do Mosteiro de Ermelo é também marcada por uma lenda que remonta à época medieval. Diz-se que a princesa D. Urraca, filha do rei Ordonho II, fundou este mosteiro.



Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

Romaria de S. Bentinho de Ermelo

Uma das tradições mais significativas associadas ao Mosteiro de Ermelo é a romaria em honra de São Bento também conhecida como a "Romaria Sem Sol", que ocorre todos os anos no dia 11 de julho. Esta romaria, que remonta a séculos, atrai devotos de toda a região do Minho, que percorrem longas distâncias a pé, em grupos de peregrinos, para prestar homenagem ao padroeiro de Arcos de Valdevez.


Saiba mais: A Romaria Sem Sol


Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

Cronologia Relevante

Século XII

  • Fundação do mosteiro é incerta. Há teorias que indicam a fundação pelos beneditinos em São Pedro dos Arcos, atual São Pedro do Vale.

  • D. Afonso Henriques coutou São Pedro do Vale em favor do Mosteiro.

Século XIII

  • 1220: Primeira referência histórica ao Mosteiro nas Inquirições de D. Afonso II.

  • 1221: D. Afonso II doa por testamento 100 morabitinos para celebração do seu aniversário.

  • 1258: Mosteiro tinha 4 casais em freguesias do concelho de Ponte da Barca.

  • 1271: D. Afonso III legou 500 Libras para celebração do seu aniversário.

  • 1283: D. Dinis apresenta Pedro Martins Real como Abade de Santa Maria de Ermelo.

Século XIV

  • 1320: O Mosteiro possuía rendimentos de 200 libras.

  • 1361: D. Pedro I confirma a eleição de Fr. Estevão Lourenço como Prior e Abade.

  • 1388: D. João I autoriza a anexação das igrejas de Britelo e do Soajo ao Mosteiro, para remediar a crise de rendimentos.

  • 1391: D. João I apresenta Fr. João Martins como Abade, sem mencionar as igrejas de Britelo e Soajo.

Século XV

  • 1441: D. Afonso V apresenta o clérigo Afonso Anes como Abade, por morte de Afonso Esteves.

  • 1441: Mosteiro é reduzido a igreja paroquial devido às "muito poucas rendas".

  • 1497: D. Manuel I confirma todas as honras, privilégios, liberdades, graças e mercês ao Mosteiro.

  • 1498: Rendimento anual do Mosteiro é de 40.000 réis, o mais baixo entre os Mosteiros de Cister.

Século XVI

  • 1502: Registados os limites do couto do Mosteiro de Ermelo (Terras do Soajo, Mezio, Cabana Maior, S. Jorge e Vilarinho de Garção); muitas terras estavam ermas.

  • 533: Abade Geral da Ordem de Cister, Dom Edmundo de Saulieu, visita o Mosteiro e verifica o estado de ruína. Manda extinguir o Mosteiro.

  • 1553: Mosteiro está deserto; o Abade comendatário, residente na Freguesia do Vale, envia capelão ocasionalmente para celebrar missa.

  • 1557: Gaspar Godinho, capelão do rei, atua como Abade.

  • 1560: Cardeal D. Henrique suprime o Mosteiro; igreja passa a ser paroquial.

  • 1572: Mosteiro já não é incluído na relação dos rendimentos dos Mosteiros cistercienses.

  • 1581: João de Mendonça, Abade do Mosteiro, renuncia em favor de Alcobaça; bens são anexos ao Colégio Universitário de São Bernardo de Coimbra.

Século XVII

  • 1664: Tomé de Macedo Pacheco é o último Abade conhecido.

Século XVIII

  • 1704: Visitador D. Pedro Cerqueira Fiusa menciona dois altares colaterais na igreja e recomenda mudanças.

  • 1706: Pe. Carvalho da Costa descreve frescos na capela representando a Virgem Maria e São Bento.

  • 1754: Visitador Marcelino Pereira Cleto queixa-se da ruína do Mosteiro e ordena restauro.

  • 1758: Data inscrita na parede sul da nave.

  • 1760: Conclusão das obras de redução da igreja.

Século XIX

  • 1824: Pe. Isaac da Silveira descreve o estado miserável do Mosteiro.

  • 1839: Freguesia pertence à comarca de Monção.

  • 1852: Freguesia integra a comarca de Arcos de Valdevez.

  • 1878: Freguesia faz parte do julgado do Soajo.

Século XX

  • 1977: Mosteiro classificado como Monumento Nacional (Decreto nº 129/77, DR, 1.ª série, nº 226, de 29 de setembro).

Século XX

  • 1996: Descobertos os frescos da parede do fundo da capela-mor.


Mosteiro de Ermelo - Arcos de Valdevez - Parque Nacional Peneda Gerês

Visitar Mosteiro de Ermelo

O Mosteiro de Ermelo não é apenas um marco da arquitetura românica portuguesa, mas também um símbolo de fé, tradição e resistência do tempo. Situado em um dos cenários naturais mais impressionantes de Portugal, ele continua a atrair visitantes que buscam não só a beleza de sua história e arquitetura, mas também a serenidade que emana de sua localização isolada, junto ao Rio Lima. Se quer visitar o Mosteiro de Ermelo, poderá entrar pela porta lateral que está sempre encostada para esse fim. É importante dar nota que todo o local dispõe de vídeo vigilância.


10 visualizações

As Nossas Casas

Tio Zé

x

6

Tio Zé

Eira

x

4

Eira

Espigueiro

x

6

Espigueiro

Primitiva

x

4

Primitiva

Mãe

x

8

Mãe

Altiva

x

4

Altiva

bottom of page